Sim, a afirmação do título eu falo agora, e somente agora, pois meu filho de 4 anos e 7 meses está lendo. Mas há 7 meses, a realidade era outra. Eu fiz várias pesquisas com mães educadoras sobre o que seria a melhor forma de alfabetizar e, existem diversas maneiras maravilhosas, mas me sentia meio que “pressionada” a aplicar tudo o que achava interessante – confesso que ainda estava meio perdida e sem saber de onde começar.

Por Ester Ribeiro
Fevereiro de 2020.

Sim, a afirmação do título eu falo agora, e somente agora, pois meu filho de 4 anos e 7 meses está lendo. Mas há 7 meses, a realidade era outra. Eu fiz várias pesquisas com mães educadoras sobre o que seria a melhor forma de alfabetizar e, existem diversas maneiras maravilhosas, mas me sentia meio que “pressionada” a aplicar tudo o que achava interessante – confesso que ainda estava meio perdida e sem saber de onde começar. No CONOED 2019 (Congresso Online de Educação Domiciliar) organizado pela EDUCALAR a Rachel de Oliveira falou com muita propriedade sobre alfabetização pelo método fônico e resolvi observar e colocar em prática o que aprendi nessa aula.

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Bem, antes da prática da alfabetização em si, consigo lembrar de três coisas que fizemos e sei que foram importantes para estimular Davi à leitura:

1 – Deixar livros disponíveis aos meus filhos.

Eles sempre foram ensinados a manusear livros (inclusive Bíblias comuns) e aprenderam a não rasgar nenhuma página; por incrível que pareça, não lembro de livros rasgados por eles, mas, bem, se algum deles rasgasse algum livro seria APENAS UM.
Ainda sem muito filtro para a qualidade do material, sempre comprei tudo o que estava disponível e achava bonito – teria escolhido coisas melhores hoje, depois do que aprendi com os conselhos de outros pais educadores após começar a educação domiciliar. Mas, independente disso, sempre tínhamos livros espalhados por toda a casa. Lemos muita poesia, a maioria delas tiradas da Plataforma de Apoio Educalar.

2 – Lemos antes de Dormir.

A leitura antes de deitar também era uma rotina desde que Davi era pequeno e, dificilmente ele dorme sem uma história lida por mim ou pelo papai.

3 – Mostrávamos as letras em qualquer lugar que andávamos.

Na caixa de devolução de envelopes de dízimo da igreja, placas de carro, embalagens, sempre chamávamos atenção à escrita de seu próprio nome. Músicas com o alfabeto cantado, de forma que ele já conhecia o nome das letras e o desenho delas.

Com 4 anos, então, Davi começou a perguntar muito sobre tudo o que estava escrito ao seu redor: o boletim da igreja, os cartazes, as placas de rua, etiquetas e tudo com letras disponíveis! Percebi que era a hora de começar a ensinar a ele a leitura mas não sabia direito o que fazer. Por onde eu deveria começar? Estava sendo afoita demais tentando fazer com que ele aprendesse cada letra e não estávamos evoluindo. A aula da Rachel veio de forma muito simples, introduzir conceitos e apenas dois livros foram necessários: Consciência Fonológica em Crianças Pequenas, por Marilyn Jager Adams, e o livro Alfabetização Fônica – Livro do Aluno, Alessandra Gotuzo Seabra Capovilla e Fernando C. Capovilla. 

Davi e Daniel

Sim, só usei esses dois livros. Foram suficientes aqui em casa.

O que coloquei em minha cabeça foi que teríamos de ser constantes, mesmo que o tempo diário fosse bem pouco.
Li o primeiro livro (Consciência Fonológica) em dois dias. Aprendi vários conceitos e maneiras de aplicá-los, como trabalhar noção de sílaba, palavra, jogos, músicas. Consegui utilizar o que aprendi durante a alfabetização. Para mim, que não sou professora, foi muito útil. Era meu primeiro contato com alfabetização e, se meu filho não tivesse aprendido a ler direito, sei que as consequências disso teriam sido dramáticas – os milhões de analfabetos funcionais estão aí como prova, mas isso é assunto para outra matéria.

O (Alfabetização Fônica do Capovilla) é um livro com páginas em preto e branco, como uma cartilha. A abordagem é fônica e progressiva, adicionando os novos conceitos aos antigos conforme avançamos nos estudos. A primeira parte contém os exercícios de leitura e escrita para os alunos e, nos anexos, ao final do livro, vem as fichas de leitura. Não usei o livro do Capovilla como cartilha, a Rachel dizia ser a habilidade de leitura muito anterior à habilidade motora para realizar todas as tarefas de caligrafia no livro.

Eu retirei as fichas de leitura do final do livro, encapei os dois lados com papel contact (preferia ter plastificado, mas não tinha plastificadora e nem plástico na época) e encadernei; a cada semana acrescentávamos mais uma ficha aos estudos. Conforme foram aumentando a quantidade de fichas, diminuí a exigência de leitura para quatro palavras das fichas antigas – e eu escolhia as mais difíceis! – mas exigia a leitura completa das 2-4 ultimas fichas vistas (a depender da dificuldade dele pra cada uma). Sim, queria constância, mas não a exaustão dele. A coordenação motora fina do Davi ainda não é muito desenvolvida e estamos trabalhando pintura, contagem de pequenas peças, corte com tesoura para fortalecer os dedos e outras atividades. E, novamente, não segui fazendo os exercícios da apostila conforme a sequência proposta. Apenas escolhia 1 ou 2 atividades ocasionalmente como auxílio à minha avaliação ao progresso dele. Quase todos os exercícios escolhidos envolviam mais a observação, circular figuras e completar a letra – sem tanto esforço para escrita. Meu foco era realmente a leitura!

Quando estávamos na metade das fichas, ele começou a pegar os livros que rotineiramente já líamos (aqueles que já lemos umas 50 vezes!) e começou a ler sozinho. Sim! Muitas das palavras ele já tinha praticamente decorado, mas mesmo assim, ele estava olhando e passando o dedinho por baixo das palavras certas conforme ia falando.

Nesse ponto, parei de fazer recapitulação de grande parte das fichas e apenas lia as 3 ou 4 últimas (continuando a acrescentar uma por semana). Nosso foco passou a ser a leitura em voz alta feita pelo Davi – o que não substituía meus momentos de leitura em voz alta para eles, mas como exercício de alfabetização, o estímulo era mesmo que ele efetuasse a leitura dos livros, segundo seu interesse, dentro dos disponibilizados por mim. Eu sentava ao seu lado e deixava que ele tentasse ler sozinho. Caso surgisse alguma dificuldade, eu o ajudava, fazendo-o lembrar de alguma regra específica (ex: O “L” sem vogal depois tem som de U) e, se ele não lembrasse a regra, simplesmente eu dizia a palavra e seguíamos em frente.

Ainda estamos no processo, Davi é um leitor de qualquer coisa e já disputa comigo os momentos de leitura em voz alta. Apesar de ainda não ler fluente, ele está progredindo dia a dia. É muito interessante observá-lo quando ele quer contar alguma coisa e se depara com uma palavra qualquer: – “Mamãe, você não sabe o que aconteceu … M-A-P-A M-U-N-D-I … o que aconteceu de engraçado hoje”.
O meu filho mais novo, Daniel de 2 anos e 4 meses já senta-se com o livro em mãos, passando os dedinhos entre as letras lendo palavras inteligíveis – como é fofinho quando faz isso! – e ele está vendo o exemplo do irmão.

Hoje eu sei que alfabetizar não é difícil, mas é trabalhoso. Exige um pouco de conhecimento da alfabetização fônica, exige persistência e rotina, exige tempo e paciência. Mas vale demais a pena!

Lembrando de algumas dicas, as principais seriam:

– Leia muito para os seus filhos! Leia livros mas também leia placas, rótulos, avisos e cartazes – eles verão a necessidade e a importância da leitura na vida!

– Tenha paciência e igualmente persistência – 5 minutos ao dia, todo dia é melhor que 1 hora 1 vez por semana!

– Não compare seu filho com outras crianças. Cada criança tem facilidade para algo. Leia muito e espere os sinais de interesse pelas letras (espere que ele pergunte sobre as letras, palavras, placas).

– Peça sabedoria a Deus! Ele dá! Ele te fará compreender o que seu filho precisa, Ele te dará perspicácia para seguir a jornada; peça ajuda aos mais experientes também; eles têm muito a ensinar e deixam nossa vida mais leve!

Boa Sorte na Jornada!

Fonte Texto: Ester Ribeiro – Voluntária Educalar.
Fonte Imagens: Ester Ribeiro – Voluntária Educalar.

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