Por Wellington Amaro
Junho de 2020

Sou Wellington, casado com Priscilla há 16 anos. Temos dois filhos, o Vinícius de 4 anos, e a Roberta de 1 ano. Sou engenheiro civil e minha esposa concluiu o ensino médio somente.

A educação domiciliar foi acontecendo como uma convergência daquilo que já era forte em nós como casal. Posso dizer que Deus abriu nossos olhos para a simplicidade da criação de Deus, cada dia mais longe das famílias; por isso nos sentimos remando contra a maré em muitas questões, como por exemplo: 1) desejo por adotar (não foi ainda concretizado, mas continua sendo desejado por nós); 2) desejo por parto domiciliar (não somos adeptos ferrenhos, mas preferimos, diante da grande máfia dos planos de saúde em fazer cirurgias cesáreas), na contemplação de como é maravilhoso perceber o milagre do nascimento sem todos os protocolos que robotizam os processos de parto.

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Após minha esposa conseguir engravidar, vi um compartilhamento de um amigo, do programa do Prof. Carlos Nadalim, e assim surgiu para nós a ideia da educação domiciliar. Logo (não lembro por meio de quem), veio um link da Educalar e entrei na comunidade. Desde então, a Educalar tem nos ajudado muito, encorajando e indicando livros sobre o assunto. Ao começar a estudar, tudo convergiu para isso. Li os dois volumes do Ensinando o Trivium e vi que aquilo fazia parte de uma cosmovisão bíblica que eu queria seguir, assim como inconscientemente já seguia através de adoção e parto domiciliar. Que são os valores contidos nisso.

Desde o princípio, estou convicto de que este é o caminho para que possamos dar nosso melhor, a fim de que nossos filhos possam dar o máximo de frutos para Deus. Depois dessa convicção, não me vejo colocando meus filhos em escola. O pouco que posso oferecer será melhor do que os benefícios e os malefícios decorrentes da escola. O pontapé inicial foi difícil, mas como o Emerson, diz de várias formas: Comece. Comecei com a rotina do Ensinando o Trivium: memorização e leitura partilhada, adquiri o método fônico Boquinhas; e culto doméstico. Tenho que dizer: remar contra a maré é muito difícil e preciso expor aqui minhas limitações. Como sempre gostei da área de Exatas, não fui muito de ler. Nunca gostei de História, Português, Química, Biologia, Literatura, etc.; e mesmo assim consegui me formar. Que coisa! Tive de retomar minha leitura, abandonar alguns entretenimentos, e vejo que estou no caminho certo. Mais importante do que o quanto já andei, é estar no caminho, e não quero sair.

Crescemos, além disso, recebendo um conceito de procurar estabilidade através de um concurso, e ali acaba se acomodando (sou concursado como técnico na companhia de Saneamento de Brasília). Tenho tentado sair desse comodismo através do Ensino Domiciliar, pois sou eu quem estuda sobre os métodos (minha esposa assume a parte operacional). Ela também não tem o hábito de leitura, mas estamos no caminho. Muita coisa não vai ser vista de forma clara em nós, mas se for visto com mais clareza através dos filhos, estaremos contribuindo para mudar este mundo. Pois nossa base de trabalho é Deuteronômio 6.

Ajudo em casa assumindo a louça da pia, partilhando o cuidado com as crianças. Tenho lutado para fazer mais. Meu filho de 4 anos tem muita disposição em ajudar, então queria ser do tipo que faz uma horta em casa. No entanto, falho muito até mesmo na própria rotina que assumi com eles; não é sempre que faço o culto doméstico. Minha esposa também falha nas atividades de ensino domiciliar com eles; mas estamos aqui juntos. Meu filho já lê de forma silabada as palavras mais simples e estou introduzindo o método de matemática de Singapura para ele agora.

Sentimo-nos preparados quando percebemos que cumprir os mandamentos de Deuteronômio 6 são difíceis, mas se são mandamentos, Deus nos capacita. E se temos que nos sentir capazes de cumprir esses mandamentos, também podemos ser capazes de educar nas outras áreas do conhecimento.

Como minha esposa não seguiu uma profissão, hoje cobram muito isso dela: “Você está estudando?”, “Porque não faz uma faculdade?”, “Quando seu filho vai para creche?”. Tirei a sorte grande de ter minha parceira cuidando de casa e dos filhos, ensinando valores e princípios e amando-os a todo instante. Jamais exigiria que ela trabalhasse fora, e enquanto eu puder dar o mínimo de condições para comermos e vestirmos, gostaria que ela continuasse em casa.

Acho que o papel principal do homem neste processo de Educação Domiciliar é dar segurança e apoio. No meu caso, sou eu que me preparo mais, a esposa fica com a parte operacional. Se sinto que posso contribuir através de uma brincadeira que desafie meu filho a avançar mais uma etapa de aprendizado, interfiro. Na fase de sair dos fonemas para formar sílabas, por exemplo, o desafiei com brincadeiras que inventei. Agora imprimo grupos de palavras com animais e comidas, para ele exercitar a leitura.

Criei uma brincadeira pela dificuldade que meu filho tinha, de juntar fonemas e formar as sílabas. Estou seguindo o currículo do Boquinhas, mas no momento achei que poderia avançar com ele com essa brincadeira. Formei com ele, usando massinha, as famílias do “V” e do “L”, para simplificar a sua compreensão (como nas fotos abaixo). Após formar as famílias de sílabas, pontuava com ele se acertasse onde estava a sílaba que eu dissesse. Perguntava: “Onde está o “LE?” E o “VI?”. Às vezes, ele só prestava atenção no primeiro fonema, e eu dizia: “Esse não é o ‘LE’ e sim o ‘LO’”, passando o dedo pelas duas letras. No mesmo dia ele já estava acertando tudo. Quando pegou confiança, pedi-lhe para fazer a brincadeira e ele foi olhando, lendo e me perguntando onde estava cada sílaba.


Quero encorajar outros papais que estão nessa caminhada do ensino domiciliar, com o que me dá segurança para continuar: a Palavra de Deus! Quando percebi que Deuteronômio 6:7 é um mandamento, me senti pequeno e frágil diante de todo o desafio de inculcar na mente dos meus filhos a beleza, bondade e a verdade da Palavra de Deus. Mas se Deus nos dá o mandamento, também nos capacita. Meu filho, após várias leituras que fiz com ele sobre a história de Davi e Golias, percebeu certo dia que Davi era fraco e Golias forte, alto e com várias armas. Ele então me disse: “Papai, eu sou o Golias”. Isso me fez pensar que às vezes nós adultos também queremos ser Golias, esquecidos que nossa força vem de Deus. Percebi, então, que com a ajuda dEle eu poderia fazer muito, ao orar, ler a Bíblia com eles e fazendo com que percebam Deus em tudo. Cada pai deve assumir esta caminhada de educar os filhos no Senhor. Quanto ao ensino domiciliar, se você assumiu o compromisso de cumprir este mandamento de mostrar aos filhos que Deus está em tudo, Ele lhe dará discernimento para saber se está preparado ou não para educar em casa nas disciplinas. Que tenhamos uma cosmovisão bíblica para pautarmos nossas decisões.

Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único SenhorAmarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força. Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. Deuteronômio 6:4-7.

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Texto: Wellington Amaro – Pai Educador
Fonte Imagem: Wellington Amaro – Pai Educador

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